22.2.07

Passarinho voou...



Tem gente que é pássaro, não vem para ficar muito tempo por aqui.

Uma coisa tem chamado minha atenção, se falta de dinheiro é problema, o excesso dele também.

Vejo que o dinheiro dá tantas possibilidades, que pode ser que a pessoa não aguente. Chances demais também nos oprime.


Queria nunca mais ouvir dizer que alguém se matou. É uma tristeza única. É diferente...pensar que a angústia é tanta que deixamos nos ir. Acho que tem gente que é pássaro mesmo, sabe se livrar das asas e se jogar no vento. Para nunca mais voltar.


Fiquei muito triste. Estou ainda.

21.2.07

Pontoevírgula







Pontoevírgula

Não sou dada a vírgula.Tudo eu quero colocar ponto final. As coisas têm me escapado como não haveria de ser. Ou eu tenho escapado das coisas. Quando vi nos jornais as mulheres de fantasias, gostosas e cheias de sucesso, me irritei. Desejei ser também uma madrinha de bateria. E desejei ser mãe. Desejei fazer mais cursos. Desejei mudar de cidade. Desejei ser menos medíocre, menos egoísta, mais nobre, mais corajosa, mais shakespereana e menos Clarice. Escolhe-se tudo. O amor, o emprego, a família, o futuro. Mas eu queria que tudo fosse reto. As curvas me embrulham o estômago. Enjoei de mim. Naturalmente não posso acreditar em se. Ou em possíveis. A vírgula dá pausa. Não quero. Preciso do sim e do não. Absoluto.
E eu me sinto tão só neste sonho com o ponto final.
Quantas coisas eu preciso e quantas eu desdenho? Quantas eu desprezo só para não ter que me arriscar? Quantas destas eu faço com a loucura necessária? Quanto de ódio é preciso para construir uma guerra? Quanto de amor é preciso para ter um filho? Quanto de dinheiro é preciso para parar de querê-lo? Quanto de amizade é preciso para conversar quando não se tem nenhuma palavra? Quanto de estudo é preciso para melhorar o conhecimento intelectual? Quanto de intuição é preciso para dar entendimento a uma discussão? Quanto de trabalho é preciso para fazer o melhor programa? Quanto de ignorância é preciso para parar de ser tão ignorante? Quantos shows de rock é preciso para extravasar a solidão? Quanto de pai e mãe é preciso para compreender o desespero da frustração? Quanto de bondade é preciso para ver vírgulas nas pessoas? Quanto de riscos posso enfrentar? Quanto de infelicidade é preciso para dar cura ao que incomoda? Quanto de sorte para conquistar bens materiais? Quanto de inveja para ser melhor que o outro? Quanto de ambição é necessário para girar os dias? Quanto de superficialidade para superar o banal? Quanto de mim em tudo pode mudar alguma coisa? Quanto de paciência para agüentar tantas divergências? Quanto de criação e quanto de superstição para acordar e dar tempo? Quanto tempo eu ainda tenho? Quanto?

L.


15.2.07

Procura-se Tuca desesperadamente

Tuca,

mandei e-mail para você mas só retorna. Aonde você está?

13.2.07

"A vida é breve, a alma é vasta".
"Sou um doido que estranha sua própria alma"
Fernando Pessoa

A companheira


Sylvia Plath e Ted Hughes


Entrevistei um cara que é incomum. Paisagista e botânico, ele sabe o que é natureza, a gente é tudo bobo perto dele. Me senti fraquinha da cabeça, superficial mesmo...

Ele contando sobre sua esposa, já falecida.

"Foram 37 anos, ela era minha paixão".

Eu digo:

"Difícil de encontrar né hoje em dia..."

Ele fala baixinho:

- "Ela era sincera, era minha companheira. A gente tem que ter uma na vida, senão a gente não faz nada".
E a gente acha que sabe alguma coisa.
Sylvia e Ted eram poetas, se apaixonaram, tiveram dois filhos, ele a traía e ela era louca por ele. Ele conhece outra mulher, ela se suicida ( ela tinha depressão), estava com trinta anos. Ele nunca falou uma palavra sobre o assunto até publicar um livro com poemas dedicados a ela, com 80 anos e morrendo com um câncer. Silêncio de mais de quarenta anos. Tempo demais.
Veja o filme: Sylvia paixão além das palavras.

Sou Mangueira


Eu queria ser rainha de bateria, acho o carnaval do Rio a redenção para todos os sofrimentos. Mas não sou global, celebrity e nem gostosa.

Hoje eu estava pensando em que significa mesmo ter amigos, ou ser amigo. Conceito complexo, mas quem é a gente sabe. Ou sente.

Tenho pensado que farei 29 anos mas já queria fazer 30 logo porque decidi fazer uma festa, tema: Madonna.

Será que a Madonna questiona sobre quem são seus amigos?

OBS: A Preta Gil é a nova madrinha da Mangueira. You can do it!

Tipo operária

Fiquei sem pensar em trabalho no sábado quando assisti "Invasões Bárbaras", um filme maravilhoso. Tenho demorado demais para ver filmes que são bons.

Trabalhei dominho durante a manhã toda. Mas não foi por escolha. Sou menos workaholic e mais escrava mesmo, tipo peão. Tipo funcionária.

Notícia estranha, tempos estranhos..

Ex de Kadu Moliterno vira sua assessora de imprensa
Apesar de continuar pendurado na Justiça, com um processo por agressão por causa do episódio acontecido no ano passado, quando agrediu a mulher , a relação entre Kadu Moliterno e sua ex-mulher, Ingrid Saldanha, vai muito bem, obrigada.
Segundo informações do Jornal Extra, ela virou assessora de imprensa do ator, apesar de recusar suas propostas de reconciliação.
“Estamos nos dando bem nessa relação profissional, mas não estamos juntos. Temos que ter uma relação amigável, porque temos três filhos”, comentou.
Ela contou ainda que procura defender os interesses do seu ex-marido, agora, seu cliente.
"Uma revista quis fazer uma entrevista com o Kadu sobre aquele episódio, mas eu neguei. O Kadu não quer falar sobre isso”, afirmou a jovem.

8.2.07

Workaholic


Será que é assim que se escreve?

A Gugu me chamou disto e não sei se ela tem razão;
Eu gosto tanto de fazer as matérias, editar e tudo mais...
Não estou sofrendo porque estou trabalhando muito mas sofro por não dar tempo de fazer outras coisas, como conversar com a Gugu...
Eu não queria ganhar muito mais dinheiro mas quero fazer o melhor programa que dou conta.
E aí como faz para fazer as coisas sem se envolver muito?
Ou será que eu sou mesmo é obcecada por trabalho?

Vou fazer um teste, no fds tentarei por uma tarde não pensar em NADA do programa. Nem pauta, nem nada.

Veremos!

7.2.07

Encontros e desencontros




No filme Encontros e Desencontros, tem uma cena que eu amo e mesmo quando quero muito, não esqueço.

Quando a Scarlett pergunta ao Bill Murray:

- Você acha que melhora?
Ele diz:

- Acho que sim.Quanto mais você sabe quem você é e o que você quer, mais fácil as coisas ficam.



Este filme é lindo. Tão simples mas dá o que pensar.

P.S: Pra quem não viu, "Encontros e Desencontros"de Sofia Coppola.

É melhor ser alegre que ser triste...

Estar triste não é uma condição permanente.
E nem uma escolha.
Mas, às vezes é tão grande quanto estar alegre.
Não sou só o que escrevo e se pensam que me resumo aos meus textos, então estou só de uma vez.
Como pode-se achar possível passar por esta vida e não ter episódios melancólicos?
Como acreditar que não há angústia? Ou o desespero?
Será que não há doenças, não há romances partidos, famílias desmoronadas, não há África nem favelas? Será que todo mundo consegue ser alegre sempre?
Não entendo porque é tão inadequado admitir-se sensível, admitir-se impotente, admitir-se insano vez ou outro? Admitir-se decepcionado ou desiludido?
Por que não se pode simplesmente ser o que dá?
Qual o mundo em que se vive a tal felicidade em plenitude? Qual gente é esta que não nunca se permite gemer as perdas? As mortes?
A minha pele só eu sei como é.
O meu dilema é só meu.
O desencontro e o provável desatino, virá...um dia
Há de sempre sentir que o desgosto não é invenção.
E daí que sinto-me assim?
Porque deveria ser solenemente coerente?
Odeio previsibilidade.

Dá-me dúvidas, dá-me incalculáveis cálculos renais, dá-me todos os sintomas que me lembrem o quanto não sou. Ou o quanto imperfeita e quanto desapropriada de lógica. Me dê o gosto do acaso, do inédito, do invejável lugar novo. Dê-me o que pensar mesmo que me custe minha suposta tranqüilidade.

Dê-me histórias tristes, de gente que não chegou lá, de gente que nem sabe o que é comer o sagrado pão de todos os dias. Conte-me dos abandonos, dos crimes passionais, da indelicadeza daqueles que não sabem como se vive o amor. Fale ainda daqueles que morreram sem nunca verem o mar. Dos que caem das casas arrumando a antena parabólica, dos que acordam com o pior diagnóstico, dos que não escutaram Tom Jobim e nem experimentaram saltar de asa-delta. Siga contando dos que perderam tudo ou dos que nunca tiveram nada. Fale dos que não sabem rir, dos que foram injustiçados. Me fale daquela que apanha achando que é amor. E da outra que amou a quem nunca teve. Fale daqueles todos que param em suas igrejas pedindo o perdão. Pedindo clemência. Pedindo que alguém pelo amor de Deus os escute. Me fale de quem se rasga por não saber se dará conta de mais um dia, só mais um.

Me fale porque eu suporto.
Me conte porque eu sei que a tristeza é senhora. Mas passa.

L.

4.2.07

Sem ruídos e nenhuma lágrima

Sem ruídos e nenhuma lágrima.
Alguns sonhos quando acontecem você realmente duvida.
A abstração e o desenho que na mente parecia pronto, se esvaiu.
Acontece que quando busco os olhares que eu imaginava ter ao meu lado não há mais.

Me vi pronta para não deixar que isto viesse a ser um cotidiano.
Até o Chico está me constrangendo.
Sua poesia é linda demais para estar junto de mim nesta hora.
Mas chegou o dia.

E minha especialidade dramática está calada. Envergonhada.
Onde está a minha capacidade em entrar na dor e me perder no meu choro impulsivo?
Não consigo.
Minha decência é tanta que agora a tristeza não cabe.

Mas sinto remexendo em algum lugar uma coragem de não agir como o esperado.
Já no limite preciso que venha agora alguma lágrima.
Ou um algo qualquer que faça esta impossibilidade de lamentar ir embora.
Quero meu luto.

Nada mais fará com que esta noite seja superada.
Vou transgredi-la e transforma-la na minha felicidade.
Futura.

E enquanto assento para dar o testemunho tento não pensar na saudade que virá.
Tento ainda mais ter as mãos livres para me desamarrar.
Das pessoas que amo lá.
E dos amigos que me farão falta.
É o fim do meu amor por uma história.
Farei outra.

L.


Poesia é poeira, dizem. Não sei. Acalma.

Francisco

"Nem toda loucura é genial. Nem toda lucidez é velha".

Eu sou mais feliz por causa do Chico!